Era um dia chuvoso, nublado...desses que pra muitos se tornam comuns em lugares demasiadamente frios e úmidos...tudo nesses lugares são belamente contornados por um verde musgo de coisas que há tempo estão guardadas ou de amores que a tempos não são amados... talvez fosse o lugar ideal para aqueles que como eu apagaram o sol recentemente e não se dispõe a ligar o aquecedor pelo simples fato de achar tudo artificial demais...
Ora, me poupem dos conceitos ... Esses que pesaram tanto que me tornaram insegura e me fizeram desacreditar no impulso primeiro de simplesmente dizer ou sentir o que quero.
A cabeça pesa
pelo excesso de conceitos, e o mundo está cheio deles, que não se sabe de onde
vem. Mas uma opinião só é uma opinião se alguém já a deu em algum momento e
disse que poderia ser uma opinião cientificamente válida para ser citada...
Livre de
conceitos ou nomes prontos, não sei dar nome ao que sinto...
Como disse era uma manhã meio verde-musgo e tudo se torna melancolicamente
lindo nesse tipo de lugar... E estávamos lá prontos para criar mais conceitos e
pesar ainda mais nossas cabeças...mas algo foge do roteiro.. os encontros mesmo
que momentaneamente acontecem...os conceitos já não tem espaço, a presença é
forte ali, as pessoas começam a simplesmente estar... sem pensar no por que ou
como estão, as pessoas estão , elas se olham e o que é mais essencial e primário
transparece...elas são aquele momento de relação.
Um olhar me tira
de mim e o mesmo olhar me traz de volta, é como se eu visse dentro de você e me
visse também dentro de ti... não... não estou falando de uma ideia romântica de
enamoramento ou de um amor subido. Estou falando de cumplicidade...de se
permiti dizer o que se quer mesmo que as palavras não fossem suas...sem medo
que o outro julgasse ou que houvesse alguma consequência com aquilo... esse ser
que se fez cúmplice, que eu nem se quer conheço, mas que me tirou do
confortável e me disse milhares de verdades em palavras que também não eram
dela!
Olhos que dão
ordens, situações ... te tiram e te jogam em abismos... olhos que confiam e
sentem... olhos que só se perdem quando alguém os tampam ...a potência criativa
está no se lançar sem medo, mesmo que não se veja mais...
A incrível
capacidade do ser humano de amar, odiar, rir, chorar, gritar, correr ... tudo
em questão de segundos, me fascina.
Obrigada pelo
olhar sensível, pela força e delicadeza...pelo menos foi o que senti...como se
cada cena, movimento, palavra, expressão fossem direcionadas para mim, me senti
parte daquilo... me emocionei com memórias que nem eram minhas, mas que me
levavam a buscá-las, me apaixonei pela decadência do ser humano e a capacidade
de se auto erguer, ou simplesmente desaparecer... me peguei abaixando para não
ser acertada por uma taça e agoniada com uma panela no fogão... me surpreendi
ao ver quantas vezes me perco e me acho na vida !
Obrigada por
terem aberto a casa, o sorriso, o olhar e o abraço a cada um... a mim principalmente!
Aqui nesse estado o sol aparece tímido nessa época do ano, o tempo
é seco ... o verde musgo dá lugar às cores "alaranjadas" do sertão.
Mas espero o seu estado do lado de cá...com manhãs talvez menos chuvosas.