domingo, 19 de julho de 2015

Cores dos estados


Era um dia chuvoso, nublado...desses que pra muitos se tornam comuns em lugares demasiadamente frios e úmidos...tudo nesses lugares são belamente contornados por um verde musgo de coisas que há tempo estão guardadas ou de amores que a tempos não são amados... talvez fosse o lugar ideal para aqueles que como eu apagaram o sol recentemente e não se dispõe a ligar o aquecedor pelo simples fato de achar tudo artificial demais...  

 Ora, me poupem dos conceitos ... Esses que pesaram tanto que me tornaram insegura e me fizeram desacreditar no impulso primeiro de simplesmente dizer ou sentir o que quero.

A cabeça pesa pelo excesso de conceitos, e o mundo está cheio deles, que não se sabe de onde vem. Mas uma opinião só é uma opinião se alguém já a deu em algum momento e disse que poderia ser uma opinião cientificamente válida para ser citada...

Livre de conceitos ou nomes prontos, não sei dar nome ao que sinto...
Como disse era uma manhã meio verde-musgo e tudo se torna melancolicamente lindo nesse tipo de lugar... E estávamos lá prontos para criar mais conceitos e pesar ainda mais nossas cabeças...mas algo foge do roteiro.. os encontros mesmo que momentaneamente acontecem...os conceitos já não tem espaço, a presença é forte ali, as pessoas começam a simplesmente estar... sem pensar no por que ou como estão, as pessoas estão , elas se olham e o que é mais essencial e primário transparece...elas são aquele momento de relação.

Um olhar me tira de mim e o mesmo olhar me traz de volta, é como se eu visse dentro de você e me visse também dentro de ti... não... não estou falando de uma ideia romântica de enamoramento ou de um amor subido. Estou falando de cumplicidade...de se permiti dizer o que se quer mesmo que as palavras não fossem suas...sem medo que o outro julgasse ou que houvesse alguma consequência com aquilo... esse ser que se fez cúmplice, que eu nem se quer conheço, mas que me tirou do confortável e me disse milhares de verdades em palavras que também não eram dela!

Olhos que dão ordens, situações ... te tiram e te jogam em abismos... olhos que confiam e sentem... olhos que só se perdem quando alguém os tampam ...a potência criativa está no se lançar sem medo, mesmo que não se veja mais...

A incrível capacidade do ser humano de amar, odiar, rir, chorar, gritar, correr ... tudo em questão de segundos, me fascina.

Obrigada pelo olhar sensível, pela força e delicadeza...pelo menos foi o que senti...como se cada cena, movimento, palavra, expressão fossem direcionadas para mim, me senti parte daquilo... me emocionei com memórias que nem eram minhas, mas que me levavam a buscá-las, me apaixonei pela decadência do ser humano e a capacidade de se auto erguer, ou simplesmente desaparecer... me peguei abaixando para não ser acertada por uma taça e agoniada com uma panela no fogão... me surpreendi ao ver quantas vezes me perco e me acho na vida ! 

Obrigada por terem aberto a casa, o sorriso, o olhar e o abraço a cada um... a mim principalmente!

Aqui nesse estado o sol aparece tímido nessa época do ano, o tempo é seco ... o verde musgo dá lugar às cores "alaranjadas" do sertão. Mas espero o seu estado do lado de cá...com manhãs talvez menos chuvosas.


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